sábado, abril 05, 2008

Geografia x Alfabetização

A utilização da geografia como instrumento na alfabetização precisa ser muito mais do que observar o bairro ou os arredores da escola. Mesmo na fase da alfabetização, não seria maravilhoso que as crianças do campo visitassem as cidades e vice-versa... Ou o litoral ? Eu sei que não é nenhuma idéia genial. É básico, eu sei. Mas acho que é preciso falar das coisas básicas, principalmente porque elas não acontecem no nosso país. Ou melhor, acontecem. Nas escolas particulares, a preços absuros, e nas públicas, de uma maneira bem restrita, a quem pode pagar, no máximo, uma visita ao zoológico. Estudei em escola pública, municipal, e o conteúdo mais inesquecível para mim, por incrível que pareça, vem justamente de uma aula de geografia da então oitava série. Fomos a Campos do Jordão estudar a vegetação e o clima tropical de altitude. Até hoje sei falar disso e adoro as araucárias. Imagine só utilizar experiências como essa na alfabetização. Saber escrever o que se viu na praia, no campo, na cidade, para quem não faz parte desse mundo. E isso é só um simples exemplo.

quinta-feira, março 06, 2008

Letrar x Alfabetizar

A alfabetização é, hoje, um dos temas mais em pauta nos ambientes educacionais. Por isso, está cada vez mais raro encontrar professores que desconheçam a importância de letrar e não apenas alfabetizar nossas crianças. Ou seja, o conceito de Ana Teberosky, que conceitua como linguagem escrita propriamente dita os tipos de discurso vinculados às funções que a escrita tem assumido em diferentes culturas e sociedades, está cada vez mais presente nas escolas.
Em entrevistas com 3 professoras-alfabetizadoras, sendo 2 da rede pública e 1 da privada, nota-se a consciência de que deve-se motivar a partir da significação da linguagem para se chegar ao verdadeiro objetivo da alfabetização. Ou seja: compreendendo a função da escrita, a criança sente-se mais motivada e, ao mesmo tempo em que é alfabetizaa, acaba assimilando a significação das palavras e frases em seu contexto, e não apenas a letra pela letra. Ou vice- versa.
Se para o escritor Duran Alves, no ano 2000, a cartilha era ainda, na maioria das vezes, o único modelo de escrita a que a criança tinha acesso na escola, o que se vê hoje, oito anos depois, é a diversificação muito maior da oferta de textos e fontes para os alunos, dada a conscientização e os novos conhecimentos dos professores. É verdade que não temos em mãos uma pesquisa realmente científica para quantificar com exatidão esse processo. Mas, se 3 professoras entrevistadas podem servir como base de análise, tudo nos leva a crer que o início do caminho está trilhado.
Resta saber se o fato das professoras conhecerem os objetivos da verdadeira alfabetização representa a concretização dessas metas. Aí, esbarra-se em todos os outros problemas educacionais brasileiros, que vão da falta de estrutura aos problemas familiares, da esfera governamental à comunidade, da qualidade ao comprometimento dos profissionais da educação. Mas o conhecimento da diferença entre letrar e alfabetizar é o engatinhar de um processo. E isso aparentemente já está acontecendo.