sábado, abril 28, 2007

Mulher Educadora X Escola Inclusiva

Igualdade de oportunidades. Esse é o maior desafio da escola que se propõe inclusiva. Assim se garante que todo cidadão, menino ou menina, rico ou pobre, com ou sem necessidades especiais, tenha condições de lutar pela qualidade da própria vida e da comunidade que o cerca. No caso das mulheres educadoras, há ainda um desafio a mais a ser superado no cotidiano: a superação da própria criação. Sabe-se que ainda está impregnada na sociedade a visão machista das relações sociais. É por isso que ainda há homens que ganham mais que mulheres no desempenho de funções idênticas no mercado de trabalho. Outro exemplo: é por isso também as mulheres trabalhadoras chegam em casa e vão para a cozinha fazer o jantar, ou para o tanque lavar a roupa, enquanto os maridos, que trabalharam tanto quanto elas em seus empregos, vão para a sala, latinha de cerveja na mão, assistir ao futebol na televisão. É por tudo isso que as mulheres educadoras precisam se policiar no dia-a-dia para que a sua própria vida não contamine a possibilidade de criação de uma sociedade mais igualitária, a partir da formação de crianças que enxerguem homens e mulheres como seres igualmente capazes. Tanto a mulher, para o mercado de trabalho, quanto o homem, no desenvolvimento de suas emoções. Afinal de contas, quantas vezes se ouve por aí a expressão “meninos não choram” ? Não choram por quê? Não são humanos também ? Eles têm tanto direito de chorar quanto as meninas de estudar e trabalhar. E todos têm o dever de dividir as tarefas domésticas para acabar de vez com a dupla jornada de trabalho a que as mulheres se submetem desde a revolução feminista. Não se pode culpar exclusivamente as professoras por ainda dividirem atividades, indicando as potencialmente femininas e masculinas. Elas estão, afinal, reproduzindo a sociedade. Mas também não se pode mais aceitar tal alienação. É preciso se policiar, a cada dia, para superar os esteriótipos herdados da história das relações, impregnada pelo patriarcado, pelo machismo e pelo marianismo. Mais que isso, é preciso não se perder de vista a necessidade de uma prática pedagógica que permita ao aluno e à aluna se situarem como sujeitos sócio-histórico-culturais. Para isso, a escola precisa ser reorganizada e a gestão democrática de uma escola cidadão tem que promover a superação da valorização única da transmissão de conteúdos, através dos princípios da solidariedade, da flexibilidade, da interdisciplinaridade e da contextualização, como elementos de novos currículos. Somente assim nossos alunos, sejam eles meninos ou meninas, vão se preparar adequadamente para o novo milênio, com a formação sólida de identidades éticas, políticas e estéticas em cada um dos adultos do futuro.


quarta-feira, abril 25, 2007

Direitos da Infância x Proposta pedagógica

A qualidade do projeto de educação infantil e o compromisso de profissionais e da comunidade podem assegurar boa parte dos direitos de desenvolvimento da infância. Isso porque uma proposta pedagógica eficiente terá claros os fundamentos teóricos, filosóficos, éticos e políticos que melhor contribuam para uma qualidade na educação infantil, e vai respeitar a realidade cultural da criança e suas características como fase da evolução humana. Por outro lado, todas as boas intenções podem ser comprometidas, tanto na escola pública quanto na privada, pela inércia governamental. Ou seja, na escola pública, o excesso de alunos por sala e a falta de recursos didáticos, por exemplo, atingem diretamente a qualidade da educação, por mais esforçado que seja o professor e por melhor que seja a proposta pedagógica. A carência de recursos das famílias, que não dispõem de dinheiro para a compra de livros, jornais e revistas, para desenvolver programas culturais nos finais de semana, e muitas vezes, nem para a alimentação adequada dessas crianças, também compromete a formação da criança. A falta de tempo de pais e mães que se desdobram em jornadas duplas de trabalho para tentar garantir o sustento dos filhos, e acaba sem tempo para interagir adequadamente com eles, é ainda outro fator que agride os direitos das crianças. Nas escolas particulares, a lista de dificuldades também não é pequena. Um deles é o excesso de impostos igualitários para escolas de portes diferentes, que desvia o que poderia ser recurso para melhorias salariais e de recursos didáticos. Outro, o paternalismo sindical que leva proprietários a contratarem o menor número possível de funcionários, e impede donos de escola de avaliarem professores durante o semestre letivo, sob o ônus de arcarem com meses de salários de um funcionário irresponsável ou incompetente, porque a demissão só pode se dar em junho ou novembro. Mais um ? A proteção que permite que pais desonestos mantenham uma criança numa escola particular até o final do ano letivo, mesmo que paguem apenas a primeira mensalidade. Ora, se não podem pagar, por que colocam os filhos em escolas particulares ? Afinal, não é apenas o pai surpreendido com desemprego que deixa de pagar a escola impunemente. Que tal, então, um seguro-desemprego obrigatório, uma espécie de FGTS-EDUCAÇÃO, para garantir o estudo dos filhos em caso de desemprego? Porque o que se vê é um número crescente de pais que, de ano em ano, aplicam o golpe da inadimplência em uma escola diferente. E se a lei queria proteger a criança, está apenas assegurando, ao pai desonesto, o direito do não-cumprimento de suas obrigações financeiras, já que a criança, pulando de escola em escola, não tem, de forma alguma, a continuidade educativa pretendida. Isso leva ou ao encarecimento das mensalidades escolares, ou à falta de qualidade no serviço oferecido. Ou seja, por mais bem-intencionada que seja uma proposta pedagógica e por mais comprometidos que sejam os profissionais envolvidos, há problemas crônicos, sejam eles sociais, políticos, econômicos ou mercadológicos que precisam ser revistos com urgência. Só que eles não podem, é claro, servir de desculpa para não se tentar garantir os direitos de nossas crianças, afinal, elas são, como diria a célebre frase “ o futuro da nação".

sábado, abril 21, 2007

Televisão x Educação

Falar simplesmente que a televisão não educa é uma postura cômoda e antiquada. Não adianta espernear, que ela vai continuar nas casas, ligada em programas questionáveis, apesar de algumas opções de qualidade. Em primeiro lugar, é importante educar a criança desde cedo para saber escolher o que quer e o que precisa ver... Porque na vida deve haver lugar para a descontração e para a concentração. Para o estudo e para a diversão. Escolher o que ver na televisão é um retrato também do tipo de opção que a criança e o adolescente vai fazer durante a vida. A televisão é, sem dúvida, um recorte. Assim como os jornais e revistas também o são. Assim, embora saibamos que a sociedade deveria lutar pela qualidade televisiva e exigir uma televisão pública, gerida pela população, como há nos países mais desenvolvidos, a questão é: como educar para que as opções da vida também sejam opções conscientes ? Sobre o uso da tv em sala de aula, vejo vários pontos de reflexão como a necessidade das atividades terem objetivos específicos bem definidos para não se transformarem em passatempo. Assim, não pode ser uma improvisação e o professor tem de preparar muito bem as aulas em que irá explorar o texto televisual, da mesma forma que prepara (ou deve preparar) os textos impressos ou orais com que vai trabalhar. No livro Televisão e educação, Maria Thereza Fraga Rocco analisa bem a relação entre educação e televisão e dá sugestões para o bom aproveitamento do veículo como recurso educativo. Segundo ela, cabe ao professor escolher um segmento determinado, gravá-lo,levá-lo para a classe e explorá-la juntamente com os alunos, sendo que tal segmento não deve ultrapassar a 15 minutos de exibição. Mostrar um programa todo, longo, é como matar aula. Fracioná-lo com lógica e organizá-lo para posterior exploração é atividade de alto valor pedagógico e educacional. Um trecho de programa qualquer ou um comercial de TV podem ser desenvolvidos em sala de aula com vários professores, a um só tempo. De modo interativo e multidisciplinar, por exemplo, é possível também que seqüências de uma entrevista, de uma minissérie, de um documentário de bom nível e até mesmo de um programa detestável sejam analisados com os alunos pelos professores de português, artes, ciências, geografia. Assim, pela linguagem do vídeo, da TV, exploram-se, na escola, as outras múltiplas linguagens que constituem o homem hoje no seu grupo social e no seu cotidiano.

Ao Ministro da Educação

Há uma escola em meu bairro, a Escola Estadual Marcio Dêmora. Nessa Escola, há uma professora, Sandra Castro Távola. Um aluno, Guilherme Silva Campos Júnior. E a mãe, Marilise da Costa Campos. Três personagens de uma história triste e que espero, um dia, possa ter um final feliz. Em comum entre eles, mais do que o nome da escola. Sandra é professora de Guilherme, filho de Marilise. O menino, de 10 anos, está no quarto ano e a mãe dele sabe apenas assinar o nome. Ela não teve chance de ir ao que imaginou ser a escola. Ao ter um filho, sonhou, como todos os pais e mães, dar a ele o que não pôde ter. Para Marilise, o pequeno Guilherme, aos dez anos, saberia ler, fazer contas, falar da história do Brasil. O senhor, Ministro, certamente tem filhos. Bem-educados e formados nas melhores e mais caras escolas particulares do Brasil. Portanto, sei que vai ser difícil entender o que vou falar. O pequeno Guilherme, no quarto ano, não consegue ler quase nada além do próprio nome. Matemática ? Ele até consegue identificar números até cem, e fazer contas de somar. Desde que não apareça “essa coisa do vai um”. História? Bem, o senhor acha que o Brasil pode ter sido descoberto em 1900, por um tal de “alguma coisa Cobral”? O pequeno Guilherme tem certeza disso. É que, sem saber ler direito, senhor Ministro, os livros didáticos que a escola forneceu são verdadeiros hieróglifos para ele. Como estudar ciências ou história, se não se entende nem o texto de um gibi ? A mãe acreditava que a escola serviria para o filho ter “uma vida melhor”, mas ela está decepcionada. Era isso que ela tanto sonhava? Isso é a escola que dizem ser o meio para “subir na vida”? Como o filho vai conseguir um bom emprego, daqui a alguns anos, se mal vai conseguir ler os letreiros dos ônibus, para ir ao trabalho? A dona Marilise, senhor Ministro, não pode pagar a escola cara que o senhor pagou para os seus filhos. Então ela foi conversar com a professora. Ouviu que a culpa é da aprovação automática, do número excessivo de alunos na sala de aula, do desinteresse dos alunos, provocada pela falta dos recursos atrativos que a escola deveria dispor para uma boa educação. A dona Marilise até sentiu pena da professora. A Sandra explicou para ela que decidiu ser professora porque acreditava que a educação era a base para a construção de um mundo melhor, mais justo e mais feliz. Que tinha o sonho de ver, na escola pública, a qualidade das boas escolas particulares. Que queria ver seus alunos preparados para a sociedade, para o mercado de trabalho e para a vida. Acontece, senhor Ministro, que, na prática, nada disso pode ser realidade. O senhor assistiu ao filme “Cidade de Deus ? Tem idéia de quantas “Cidades de Deus”, com seus “Zé Pequenos“ existem por aí? Exemplos como o do personagem Dadinho, que até se sentiu tentado mas não se envolveu com o crime, apesar do irmão assaltante, são raros. A professora Sandra me contou que já conviveu com alunos, parentes ou vizinhos de bandidos, que iam para a escola comer e passavam a tarde “trabalhando” para o tráfico de drogas, em pequenos roubos, ou “honestamente” nos faróis e nas feiras, empurrando os carrinhos que as senhoras não agüentavam levar para casa. Como ela sabia ? As crianças pequenas, criminosas ou não, costumam confiar em professoras como a Sandra. O senhor deve estar se perguntando : por que ela não denunciou? Eu explico: a professora Sandra mora perto da escola, que também fica próxima à favela onde essas crianças vivem... A professora Sandra tem dois filhos pequenos e pais idosos que também moram por lá. Isso sem falar em irmãos e sobrinhos. A professora Sandra ganha pouco e não tem dinheiro para pagar os seguranças particulares e vigias noturnos que o senhor paga, senhor Ministro. E a polícia ? Que polícia ? Enfim, entre o compromisso com a educação e a vida da família, ela optou por ficar quietinha. Fingir que nem sabia de nada. O senhor agiria diferente ?
Bom, desculpe tomar o seu tempo com toda essa história. É que sou estudante de pedagogia e ainda sonho. Quero ter a esperança de construir um Brasil melhor, deixando de ver crianças que enxergam na marginalidade o único meio de vida. Ainda acredito que a escola brasileira pode, sim, servir para a construção de uma sociedade mais justa, com oportunidades iguais e sentimentos nobres entre os homens. E isso, o senhor sabe, só é possível com uma educação de qualidade... Aquela que os seus filhos tiveram, protegidos pelos seus seguranças, bem-alimentados pela sua cozinheira, descansados pelas férias na Disney. Eu não sou Ministra da Educação como o senhor, mas sei que só vou realizar meu sonho se lutar pelos direitos da infância. Segurança, alimentação, lazer e ensino eficiente não podem ser privilégios de quem tem sorte de nascer em uma família rica. E tudo isso ainda precisa ser costurado com a linha dos valores morais e sociais que vão garantir, um dia, quem sabe, na minha aposentadoria, o meu sorriso: o mesmo de quem planta uma semente e colhe uma maçã, consciente de aquilo é apenas o começo de um lindo pomar. Sou mais nova que o senhor e, se o curso da vida seguir normalmente, devo ficar aqui por mais tempo. Mesmo assim o convido: o senhor não quer sorrir comigo ?

Gestão Escolar e inclusão de pessoas especiais

O gestor escolar atualizado entende a inclusão das pessoas com necessidades especiais como uma meta possível, apesar de todas as dificuldades para viabilizar as ações que realmente sejam inclusivas e não apenas politicamente corretas.
Mas a retórica de que a participação de pessoas especiais nas chamadas “escolas comuns” é difícil e absurda- porque o poder público não oferece condições -deve ser superada, mas não esquecida. Porque a cobrança dessas ações também faz parte da luta pelo atendimento educacional a que todos tem direito.
O governo deveria treinar não apenas os professores e sim todos os funcionários e a comunidade escolar. Se esse treinamento específico não fosse necessário, não haveria tantos e tão caros cursos de especialização na área de educação para pessoas com deficiência. No caso da deficência visual, por exemplo, como trabalhar com essas crianças, sem saber o braile ? E como exigir de toda a comunidade escolar que sejam feitos cursos nessas áreas, com os baixos salários pagos aos profissionais de educação ? Esses cursos deveriam ser oferecidos gratuitamente pelo governo.
Apesar de tudo isso, esses problemas não podem servir como desculpa, para que gestores camuflem o preconceito e a acomodação que também é encontrada em várias esferas da educação.
Ou seja, não se pode fugir da responsabilidade de garantir o atendimento cada vez mais amplo e com mais qualidade. Cabe ao gestor sensibilizar, incentivar e mobilizar a comunidade escolar e buscar parcerias com organismos que possam destinar recursos para projetos de inclusão, parceiras com órgãos e escolas que já possuem conhecimentos na área da educação especial e, acima de tudo, garantir que a parceria com a família seja garantida.
Assim, com uma gestão sensível, consciente, corajosa e aglutinadora, torna-se possível lutar contra as dificuldades para tornar mais justo e humano o acesso de qualquer criança à educação. A deficiência, afinal, é um desafio a mais para o educador competente.

Necessidades básicas de aprendizagem e educação para a vida

Até que ponto a educação tem o direito de estar estritamente relacionada ao preparo do indivíduo para as necessidades empresariais e de crescimento econômico de um país? E a formação do ser-humano, por exemplo? Essas são algumas das críticas que se faz na super-valorização das necessidades básicas de aprendizagem, definidas na Conferência Mundial de Educação para Todos, ocorrida em Jontien, na Tailândia, em março de 1990.
O evento teve como patrocinador, entre outros, o Banco Mundial, que estimula os países a concentrarem recursos públicos na educação básica, vista como responsável pelos maiores benefícios sociais e econômicos, e considerada elemento essencial para um desenvolvimento sustentável e de longo prazo, assim como para aliviar a pobreza.
O lado positivo das diretrizes do Banco Mundial é a visão ampliada de educação. Ou seja, uma educação voltada para crianças jovens e adultos, realizada dentro e fora do equipamento escolar, medida pelo que é efetivamente aprendido durante toda a vida.
Por outro lado, as estratégias são baseadas na análise puramente econômica e buscam atender a uma demanda exclusiva do mercado, comparando uma escola a uma empresa. Assim, as propostas do Banco Mundial estão focadas na quantidade e não na qualidade, desconsiderando os avanços da ciência, da pesquisa educativa e nas concepções modernas de aprendizagem.
Assim, torna-se necessária uma profunda reflexão dos profissionais das instituições de ensino para que a implantação dessa política não nivele por baixo e esconda uma educação ineficiente e insatisfatória, que, infelizmente é o que estamos vendo nas escolas brasileiras. Progressão continuada e Ensino Fundamental de 9 anos, por exemplo, são claramente medidas políticas, que visam a massificação da permanência escolar, mas que não garantem, certamente, a qualidade na educação que nossas crianças merecem e nossa sociedade precisa.

Sociedade da Informação e tecnologia

Atualmente, o conhecimento é um fator diferencial de superação de desigualdades e de agregação de valores. A riqueza dos países é definida por quanto seus governos investem em conhecimentos, como forma de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Daí, a aderência à chamada “Sociedade da Informação”, que impulsiona as transformações na organização da sociedade contemporânea. No Brasil, torna-se necessário um conjunto de inovações na infra-estrutura organizacional, na base tecnológica e no sistema educacional, e ela vem sendo construída em meio a projetos de desenvolvimento social, como a ampliação do acesso, a formação de recursos humanos e o incentivo à pesquisa, entre outros.
A tecnologia vem se desenvolvendo com a sociedade e torna-se cada vez mais aprimorada, facilitando e transformando a vida das pessoas. Essa transformações são provocadas principalmente pela introdução de tecnologias que mudam a forma de como lidar com o conhecimento. Daí a importância da chamada “inclusão digital”. A educação, portanto, precisa acompanhar a evolução tecnológica, servindo-se dela e transformando as pessoas em seres capazes de lidar com as novas tecnologias, incorporando-as à vida de modo a construir uma existência mais digna e mais feliz.
Assim, a educação passa por um processo de renovação de espaços, de redefinição de conteúdos e de valores, e até mesmo de organização e metodologias. Uma das grandes provas disso é a educação à distância, que prova a cada dia sua eficácia e vem quebrando os tabus que a definiam como uma educação de segunda linha. Ao contrário, a educação à distância mostra a clara junção entre a educação e a tecnologia e como elas podem definitivamente formar o profissional e o cidadão do futuro.

Funções da pré-escola

Com a inserção da mulher no mercado de trabalho, inclusive da classe média, houve necessidade de ampliação do atendimento da pré-escola. Com isso, a pré-escola passou a ter uma proposta educativa voltada ao desenvolvimento dos aspectos cognitivos, emocionais e sociais da criança. Além disso, a psicologia e a pedagogia modernas ressaltam a importância dos primeiros anos de vida para o desenvolvimento do ser humano, e a necessidade de se trabalhar a criatividade e a sociabilidade. A partir dessas informações, conclui-se que as funções da pré-escola são muitas: o “cuidar” da criança, sem cair no assistencialismo, o desenvolvimento intelectual, o preparo para a albetização e da escolarização, de uma forma geral, e principalmente, o preparo para a vida, através do desenvolvimento emocional e a socialização. Ou seja, é nessa fase que se inicia o trabalho da construção da cidadania, fundamental para a criação de uma sociedade melhor. Por tudo isso, é preciso buscar a cada dia o aperfeiçoamento da prática educativa, garantindo a qualidade da educação e a eterna construção de um projeto educacional capaz de contribuir significativamente na qualidade de vida das nossas crianças.

Maioridade Penal

A maioridade penal aos dezoito anos provoca uma verdadeira fábrica de adolescentes e crianças criminosas. Dois pontos precisam ser analisados. Um deles, o menos importante, é a capacidade ou não de adolescentes antes dos dezoito anos terem plena consciência da gravidade dos delitos cometidos. Ora, se alguém provar que adolescentes e crianças não são capazes de distinguir entre o certo e o errado, o bem e o mal, provocará certamente uma revolução em todas as teorias de desenvolvimento psicológicas existentes. Então, de que serviriam os esforços dos pais e educadores durante toda a infância se somente depois dos dezoitos anos a "criança" fosse capaz de tais discernimentos. O problema é que, de fato, as crianças e adolescentes, assim como também muitos adultos, são influenciáveis. Com as péssimas condições que que vivem as pessoas em nossa sociedade, com verdadeiras multidões sem alimentação, sem moradia, sem saúde e sem educação - ou seja, sem os direitos humanos fundamentais - as pessoas tornam-se alvos fáceis da indústria do crime. Assim, crianças e adolescentes, ininputáveis, passam a ser massa de manobra dos criminosos, que os usam como marionetes. Agora, o que se precisa discutir é a necessidade de toda uma reestruturação no sistema carcerário em geral. Isso porque, caso crianças e adolescentes se tornassem responsáveis por seus atos, como garantir que seriam asseguradas a elas as condições de reabilitação e ainda a continuação do desenvolvimento e da formação necessária a essa faixa etária? Outro ponto que deixo para reflexão: os pais dessas crianças e adolescentes não deveriam ser responsabilizados em parte pelos crimes dos filhos ? Será que assim os pais também não passariam a "colaborar" mais na educação dos próprios filhos ?